DeLorean
Fonte:UOL
Famoso carro de "De Volta para o Futuro" teve design projetado por Giugiaro
da Redação
com Autocosmos/México
Vinte cinco anos depois de ser criado, o DeLorean DMC-12 ainda é famoso por conta do filme "De Volta para o Futuro", onde o Dr. Emmett Brown (Christopher Lloyd) e Marty Mc Fly (Michael J. Fox) viajavam no tempo em uma "máquina estranha", parecida com um automóvel, mas que nada mais é que este carro lendário, uma peça importante na história dos fabricantes independentes de automóveis.
A história deste modelo começa quando um executivo da General Motors, John Z. DeLorean, desafiou a indústria automotiva quando decidiu fabricar seus próprios carros esportivos, os quais ele garantia que seriam "éticos". O local escolhido para esta aventura do mundo real foi a Irlanda do Norte, para ser mais específico a cidade de Dummurry.
Foi criado então o DMC-12. Um carro feito de aço inoxidável, polido e sem pintura. O criador do conceito era ninguém menos do que o mítico Giorgetto Giugiaro. O desenho era fenomenal, e as portas no estilo "asa de gaivota" faziam o carro parecer realmente de outro tempo, ou de outro planeta. Talvez por esta razão Robert Zemeckis tenha o colocado no filme.
A mecânica corria a cargo de um motor central de origem franco-sueca. Um PRV (Peugeot, Renault, Volvo) de seis cilindros em V de quase três litros e injeção de combustível Bosch K-Jetronic, novidade na época, mas convencional. O DMC-12 não era um foguete, seu desempenho era mediano. O carro era até muito caro para o que era oferecido.
A ironia deste automóvel, cujo criador chamou de "ético", é que foram usados alguns meios muito pouco "éticos" para salvar a companhia da falência. Inclusive John Z. DeLorean foi acusado, julgado e preso por tráfico de drogas de mais de 25 milhões de dólares, e foi absolvido em 1984. O criador do DMC-12 morreu em 2005 e, além de desafiar os gigantes do mundo automotivos nos Estados Unidos, deixou criações consagradas como o Pontiac GTO.
Na curta vida da marca - 1981 e 1982 - foram produzidas 6.500 unidades. Mas hoje se pode comprar um DeLorean DMC-12 com zero quilômetro em uma produtora independente que comprou os direitos sobre a marca em 1997.
Por: Rogério Ferraresi
Fotos: Bruno Guerreiro
Matéria originalmente publica em Rod & Custom 20. Complete a sua coleção: https://www.lojastreetcustoms.com.br/revistas-rod-custom/revista-rodandcustom-20.html

Você abandonaria uma grande multinacional, com todas as regalias de grande executivo, prestes a se tornar vice presidente, para abrir uma empresa própria, correndo todos os riscos de um novo empreendimento? Pois foi o que fez John Zachary DeLorean (ver box) no início dos anos 70, tornando-se o protagonista de um dos mais interessantes capítulos da industria automobilística mundial. A DeLorean Motor Company, conhecida pela sigla DMC, foi fundada a 24 de outubro de 1975, em Detroit, Michigan. Tinha como investidores o Bank of América, Johnny Carson e Sammy Davis Jr. (amigos pessoais de Zachary). O intuito era fabricar um carro esporte “ético”, seguro e “ecologicamente correto” que “Poderá ser dirigido por 20 ou 25 anos e nada deverá ocorrer com ele, pois não será projetado para a obsolescência precoce”.



A maior prova de que o otimismo era exagerado foi o fato do uso do ERM ter se mostrando inadequada para uma fábrica pequena: seus moldes de compressão teriam de ser tão precisos e caros quanto as prensas utilizadas na fabricação de carrocerias de chapas de aço. Assim, empregou-se uma estrutura feita de plástico reforçado com fibra de vidro pelo processo VARI (vacuum assisted resi injection, ou injeção de resina assistida a vácuo). O conjunto de motor e câmbio automático seria central traseiro, colaborando com a distribuição de pesos e o comportamento dinâmico. Porém, o Wankel, tecnicamente interessante, já havia sido utilizado sem sucesso em carros das marcas NSU, Mazda e da possível fornecedora Citroën (equipando os Ami 6 e GS Bimotor). A durabilidade dos rotores e o alto consumo de combustível (especialmente após o advento da crise do petróleo) obrigaram o empresário a desistir do mesmo em favor do PRV V6, criado, produzido e utilizado, entre 1974 e 1988, por uma joint venture da qual faziam parte Peugeot, Renault e Volvo.



A DeLorean Motor Company fixou-se em Dunmurry, subúrbio de Belfast com população protestante. Os seis prédios ocupavam uma área de 61 mil m2 e começaram a ser erguidos em outubro de 1978. Como havia muito desemprego na região, inúmeros irlandeses compareciam em busca de uma vaga e, para completar a confusão, Dunmurry ficava próxima de Twinbrook, de população católica. Devido à agitação social da época, o início da produção, previsto para 1979, só teve início no ano seguinte, sendo a primeira unidade finalizada em 21 de janeiro. A garantia era de 12 meses e 12 mil milhas (19,3 mil km) e havia um plano opcional, valido por cinco anos ou 50 mil milhas (80 mil km).


De um jogo de moldes saia a parte superior da carroceria e, de outro, a inferior. A quantidade de rebarbas era mínima e não havia a formação de bolhas de ar. Painéis de encaixe espumados uniam as partes que, constituindo um só conjunto, era montado no chassi. As portas tinham suas barras de torção testadas uma a uma em laboratório, sob condições criogênicas. Os painéis metálicos eram tratados por escovadeiras elétricas em sentido horizontal longitudinal (foi o primeiro carro produzido em série sem pintura), impedindo que o metal refletisse a luz como uma superfície cromada. O produto resultante, denominado DMC-12 (sendo o numeral utilizado por causa do preço estipulado em US$12 mil) tinha 4,5 metros de comprimento e 1,85 metros de largura (dois centímetros a mais que um Dodge Dart).




Algo em torno de 9200 DMC-12 foram produzidos, sendo um quinto fabricado em outubro de 1981. Cerca de mil unidades deixaram Dunmurry entre fevereiro e maio do ano seguinte, mas a Consolidated International foi a responsável pela montagem dos 100 últimos carros. Com os contratos ainda em vigência, houve um grande atrito entre os antigos revendedores e os proprietários: os empresários não queriam fazer os reparos acordados nas garantias, pois não eram mais reembolsados pelas peças e pelos serviços realizados. Em 1995 o texano Stephen Wynne comprou os direitos do uso do nome DMC, bem como parte do ferramental e o estoque de peças existente, passando a vender tais itens (bem como peças novas, feitas sob encomenda), além de restaurar os carros produzidos. Zachary declarou a sua própria falência (algo possível nos EUA) e perdeu seu imóvel de New Jersey, de 434 acres (1.76 km2) em março de 2000. Mas não desistiu de seu sonho, tendo projetado o novo DMC-2, para cuja fábrica procurou, sem êxito, novos investidores. Tentando contornar a situação, decidiu lançar um relógio com carcaça de aço inox injetado que levava seu nome, vendido por US$ 3,5 mil cada, mas acabou falecendo em 2005, antes de colocar o projeto em prática. Hoje existem cerca de 6.500 DMC-12, cuja marca ainda é forte, tanto que, em novembro do ano passado, Stephen fez um acordo com a Nike, que lançou um tênis especial com o nome DeLorean, do qual só foram feitas mil unidades com um preço de varejo de US$ 90,00.

John Zachary DeLorean
A história John Zachary DeLorean resultaria no roteiro de um grande filme. Filho de Zachary e Kathryn Pribak Delorean, nasceu em 6 de janeiro de 1925, em Detroit, Michigam. Seu pai, imigrante romeno, foi funcionário da Ford em Highland Park. A mãe, austríaca, era operaria da General Eletric. A pobreza da família, acrescida do alcoolismo e da violência do pai, acabou por resultar em divórcio. Mas Zachary conseguiu estudar engenharia industrial, cujo curso interrompeu, em 1943, devido ao serviço militar. Após a II Guerra Mundial, para ajudar a família, empregou-se na Chrysler. Graduou-se em engenharia em 1948 e, quatro anos depois, obteve o diploma do Chrysler Intitute e freqüentou a University of Michigan. Foi contratado pela Packard e aprimorou a transmissão automática Ultramatic. Quando a empresa fundiu-se com a Studebaker, passou a trabalhar para a GM. Na Pontiac, como assistente do engenheiro chefe Peter Estes e do diretor geral Seman “Bunkie” Knudsen, implantou diversos aperfeiçoamentos e foi responsável pelo lançamento, em 1964, do GTO, tido como o primeiro muscle car.
Independente disso, grandes organizações contam com um sistema corporativo que interfere negativamente no trabalho de gênios criativos. Assim, visto como “rebelde” dentro da GM, o executivo começou a diversificar seus investimentos, adquirindo cotas de times como San Diego Chargers e New York Yankees, o que o tornou popular e estreitou seus laços com celebridades de Hollywood. A GM teve diversos problemas no desenvolvimento e produção dos modelos 1970 da linha Chevrolet. Zachary foi encarregado de solucioná-los, obteve êxito e colaborou com o aumento das vendas, tornando-se ainda mais influente. O encarregaram do projeto do Chevrolet Vega, que deveria superar a concorrência dos modelos europeus. Entre as ações para viabilizar a produção estava a dispensa de 800 trabalhadores, incluindo inspetores de qualidade, o que causou diversas sabotagens. Isso se refletiu na qualidade do Vega, mas Zachary contornou a situação e passou a ser apontado como nome mais forte para assumir o cargo de vice presidente da GM, Porém, em 2 de abril de 1973, pediu demissão. Como reconhecimento por seu trabalho, recebeu uma concessionária Cadillac na Flórida, mas isso era pouco para ele, que começou os estudos para a implantação de sua própria fábrica.