Fiat Uno

 

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A botinha que emplacou

Do maldoso apelido à consagração como o carro mais
barato, o Uno e sua família têm muita história para contar

Texto: Fabrício Samahá - Colaboração: Bob Sharp - Fotos: divulgação

 

Cabo Canaveral, Flórida, EUA. A atmosfera futurista do mais famoso local de lançamentos espaciais do mundo -- hoje Cabo Kennedy -- foi o palco escolhido pela Fiat italiana para apresentar à imprensa, em 20 de janeiro de 1983, seu primeiro automóvel mundial. De estilo igualmente avançado, o Uno vinha substituir o 127 e marcava um importante passo na história da Fabbrica Italiana de Automobili Torino, tanto na Europa quanto no Brasil.

Proposta inicial: o projeto 143 do Centro Stile Fiat, em 1978. Abaixo, em fase mais adiantada

 

 

Mais que necessário diante do envelhecimento de seu antecessor, lançado em 1971 e do qual havia sido desenvolvido o 147 brasileiro (leia história), o Uno chegava para combater a invasão japonesa em seu segmento de carros pequenos. O projeto começou no final dos anos 70 com dois estudos, o 143 e o 144 -- o primeiro desenhado pela equipe de Pier Giorgio Tronville, do Centro Stile Fiat, o segundo pela Italdesign de Giorgio Giugiaro.

O 144 era um projeto para a Lancia, marca de luxo do grupo, mas acabou aprovado pela Fiat, em dezembro de 1979, com a condição de que fosse rebaixado em 5 cm, alongado em 12 cm e tivesse o interior reformulado, com menos requinte. Isso originou o Tipo 146, simplificado para Tipo 1 -- uno, em italiano. Em meados de 1982 começava a produção em série, após quatro milhões de quilômetros rodados com protótipos.

 

 

 

O 144, proposta de Giugiaro para a Lancia, acabou sendo o escolhido. Nesta fase, no final de 1978, note a coluna larga ao estilo do VW Golf, também sua obra

 

 

 

As linhas do Uno eram modernas e aerodinâmicas, com o baixo coeficiente aerodinâmico de 0,34 -- na versão ES chegava a 0,33. Concorriam para esse resultado a frente em cunha, a traseira truncada (corte quase vertical, o que disciplina melhor o fluxo de ar na região), a ausência de calhas no teto, os vidros "à flor da pele", rentes à carroceria, e os pára-choques envolventes.

Entre os detalhes curiosos estavam as maçanetas embutidas (embora na versão de cinco portas fossem convencionais) e o limpador de pára-brisa com um único braço (que viria a ser o terror dos cobradores de pedágio...), mas de ampla área de varredura. Curto (3,64 metros) e estreito (1,55 metro), era porém alto (1,43 metro). Isso permitia uma colocação elevada dos bancos, com reflexo no aproveitamento do espaço -- até hoje um de seus pontos fortes.

 

 

Em 1979, com o andamento dos estudos, as linhas quase definitivas do cinco-portas. Pequenas janelas traseiras melhoravam a visibilidade

 

 

 

 

No interior, moderno e funcional, destaque para os "satélites" do painel, conjuntos de comandos próximos ao volante, e o cinzeiro corrediço e removível -- para limpeza ou para os que não querem que se fume no carro. Os instrumentos incluíam um sistema de verificação que apontava defeitos ou irregularidades em diversas funções.

O porta-malas trazia o estepe e podia ser ampliado de 225 para 250 litros com alteração na inclinação do encosto do banco traseiro. Na Europa eram oferecidos motores de 903, 1.116 e 1.301 cm3, com potência de 45, 55 e 70 cv, na ordem. O primeiro era a antiga unidade de comando no bloco e virabrequim de três mancais, e o mais potente alcançava 165 km/h.

 

 

 

O modelo definitivo, em 1980: maçanetas embutidas, amplos vidros, um só limpador de pára-brisa e o formato que ganharia o apelido de "botinha ortopédica" no Brasil

 

 

 

Era um carrinho de conceito simples e moderno, com motor transversal, tração dianteira e suspensão McPherson com mola helicoidal à frente. Na traseira era usado eixo de torção, também com mola helicoidal. Eleito Carro do Ano na Europa no mesmo ano, logo ganhou novas versões. Já em maio vinha o motor a diesel de 1,3 litro e 45 cv; em outubro era apresentada a versão conceitual Uno-matic 70, com transmissão de variação contínua (CVT), que se tornaria disponível apenas em 1987 no Uno Selecta.

 

 

 

 

Em abril de 1985 nascia o Uno Turbo i.e., em que o motor de 1.299 cm3 (mais tarde 1.301 cm3) recebia turbocompressor e injeção eletrônica, gerando 105 cv. Foi oferecido com painel digital e freios a disco nas quatro rodas. Em junho aparecia o motor Fire, de produção totalmente automatizada, com 999 cm3 e 45 cv -- um parente do que agora temos aqui. No ano seguinte era lançado o Uno 70 Turbodiesel, com motor de 1.367 cm3 e acabamento externo similar ao do Turbo i.e. O diesel de aspiração natural era oferecido com 1.697 cm3 e 58 cv.

 

 

 

O Uno italiano no Cabo Canaveral, nos EUA, em 1983: um carro pequeno inovador para combater a invasão japonesa, com ênfase no espaço interno e na economia de combustível

 

 

 

Em 1987 o Turbo i.e. ganhava catalisador e, um ano depois, freios com sistema antitravamento (ABS). Surgiu também um 75 i.e., com 1.498 cm3, injeção e 75 cv. Em setembro de 1989 o Uno recebia ampla reestilização, com um capô em cunha acentuada, faróis de perfil mais baixo, tampa traseira mais saliente e arredondada e novas lanternas. O Cx baixava para 0,30 e o interior trazia painel mais moderno e ganhos em acabamento e qualidade de construção.

Os motores agora eram o antigo 903, os Fires de 999 e 1.108 cm3 (este de 56 cv), um 1.372 de 71 cv e o conhecido 1.498. O Turbo i.e. passava a 1.372 cm3 e 118 cv e os diesels permaneciam, com a adição de um de aspiração natural de 1.929 cm3 e 60 cv no ano seguinte. Esse Uno teve numerosas versões e séries especiais, como Suite (com bancos de couro e ar-condicionado), Hobby, Rap, Rap Up, Formula, Estivale, Cosy, Seaside, Targa e Brio. O mais rápido era o Turbo i.e. Racing, de 1992, com teto solar, bancos ajustáveis em altura, pneus 175/60 e aceleração de 0 a 100 km/h em 8,4 s.

 

 

 

O capô do modelo italiano seria trocado no Brasil por um envolvente, de modo a alojar o estepe junto ao motor. Lá fora ele vinha no porta-malas

 

 

 

A produção italiana do Uno foi encerrada em 1995, dois anos após o lançamento do Punto, com um total de 6.032.911 unidades fabricadas. Mas permanecia na Polônia, com motores de 999 cm3 (45 cv), 1.372 cm3 (69 cv) e diesel de 1.697 cm3, que se somaram em 2000 ao de 899 cm3 e apenas 39 cv. Também continuavam em produção o três-volumes Duna (Prêmio) na Argentina, com motor 1.297 de 72 cv, e o Uno no Brasil -- onde começa a segunda parte de nossa história.

Botinha ortopédica Betim, Minas Gerais, agosto de 1984. O veterano 147, já com oito anos de idade, pedia sucessão e a resposta da Fiat era a fabricação local do moderno Uno. De início apenas com três portas, mantinha as linhas do modelo italiano, mas com uma importante diferença: o capô envolvia parte dos pára-lamas, o que permitia a acomodação do estepe no compartimento do motor como no 147, de maneira a ampliar o porta-malas e evitar o incômodo de ter de descarregá-lo para o acesso ao pneu.

 

 

 

A reestilização que nunca chegou ao Brasil: faróis de perfil baixo, capô em cunha acentuada, tampa traseira mais saliente e arredondada. O Turbo i.e. Racing, na foto, acelerava de 0 a 100 em 8,4 s

 

 

 

Por conta da localização do estepe, a entrada de ar para a cabine precisou ser deslocada do centro, como no original italiano, para a direita, em zona de menor pressão aerodinâmica. Assim, aeração interna acabou não sendo o forte da versão brasileira, devido à menor captação de ar.

Mesmo assim o Uno representava enorme evolução sobre o retilíneo 147, a começar pela redução do Cx de 0,50 para apenas 0,36 -- pior que na Europa, pois o nosso era 15 mm mais alto --, passando pelo conforto de rodagem, segurança ativa e passiva, visibilidade e posição de dirigir, em que o volante assumia posição mais "normal", menos horizontal. No entanto foi, de início, rejeitado por muitos, que lhe atribuíram o apelido de "botinha ortopédica" em função do formato da carroceria bem diferente do que existia até então. Continua

 

 

 

Em escala

 

 

Nos anos 80 constava do catálogo da italiana Bburago o Fiat Uno na escala 1/43, na cor vermelha e em versão três-portas. Em trajes esportivos, trazia o numero 40 afixado nas portas e vários adesivos dos patrocinadores, como Pirelli, Olio Fiat, Hertz, Pionner e outros. As rodas esportivas completavam os detalhes.

A Polistil italiana fez a versão cinco-portas na cor verde. Abria as portas da frente, o capô e a tampa traseira. As rodas esterçavam. Bem caprichada, foi feita na escala 1/24. Nas pistas de autorama do Brasil, não faltaram os Unos com carroceria em bolha. Eram muito coloridas para os bólidos da escala 1/24, a mais potente.

 

 

Outras alterações do projeto original, de ordem mecânica, previam melhor adaptação do carro às condições nacionais de rodagem, além do aproveitamento de componentes do 147. Deste vinham os motores de 1.048 cm3 a gasolina (52 cv, 7,8 m.kgf), para a versão S, e de 1.297 cm3 a gasolina (58,2 cv, 10 m.kgf) e a álcool (59,7 cv, 10 m.kgf), para as versões S e CS. Com desempenho razoável (velocidade máxima entre 140 e 150 km/h), tinham na economia de combustível seu destaque.

 

 

O Uno desembarca no Brasil: espaçoso e funcional como o italiano, mas com motores 1.050 e 1.300 e suspensão traseira independente, herdados do 147

 

 

Nosso Uno também herdava de seu antecessor a suspensão traseira independente McPherson, com feixe de molas transversal atendendo os dois lados da suspensão. A Fiat dizia ter constatado em testes que os amortecedores do italiano não duravam mais que 5.000 km sob uso intensivo, optando por trocar toda a suspensão. E foi ela a responsável pela mudança no capô que permitiu o estepe no compartimento do motor: não havia espaço para a roda-reserva e sua caixa sob o porta-malas, como entre os braços do eixo de torção do italiano.

Se com a nova suspensão o Uno ganhava em robustez, por outro lado perdia em conforto de marcha e continuava, como no 147, a exigir alinhamento periódico das rodas traseiras, sob pena de desgaste prematuro dos pneus e prejuízo à estabilidade. Outra característica desta suspensão era a tendência de tornar a cambagem mais negativa (rodas mais afastadas no ponto de contato com o solo) à medida em que o feixe de molas cedia, por acréscimo de carga ou tempo de uso. Tudo isso seria abandonado no Palio, que passaria ao eixo de torção como no Uno italiano.

 

 

As linhas eram diferentes do que se conhecia por aqui, atrasando um pouco sua consagração pelo público. A versão SX, na foto, vinha com carburador duplo e 70 cv no motor 1.300

 

 

A produção do Uno trazia um avanço em relação à do 147. Em vez de 470 operações de prensa para construir a carroceria monobloco, agora eram apenas 270, redução expressiva que significava também menos soldas, aumentando a resistência do conjunto.

Em outubro chegava o esportivo SX (Sport Experimental), identificado externamente pelo pára-choque dianteiro com spoiler incorporado e faróis de longo alcance (que, pela posição e pelo formato retangular, eram confundidos por muitos com unidades de neblina), calotas integrais e molduras em preto-fosco nos arcos dos pára-lamas. Por dentro trazia um painel completo, incluindo conta-giros e manômetro de óleo, e volante de quatro raios em vez de dois.

 

 

A família cresce e ganha espaço, literalmente: chega o Prêmio, um três-volumes com ótimo porta-malas e motor 1.500 argentino na versão CS

 

 

O SX tinha o mesmo motor 1.300 e não um 1.500, como muitos pensam, mas possuía carburador de corpo duplo e potência de 71,4 cv (gasolina) ou 70 cv (álcool), suficiente para 155 km/h. O torque atingia 10,6 m.kgf. A maior cilindrada viria apenas em abril de 1985 com o lançamento do Prêmio, o três-volumes da linha, um campeão de espaço no porta-malas: 530 litros. Com ele a Fiat aposentava com apenas dois anos o Oggi, derivado do 147.

O motor de 1.498 cm3 era todo novo, produzido pela Sevel (associação entre Fiat e Peugeot) na Argentina, e se caracterizava pelo curso dos pistões reduzido, propiciando grande suavidade de funcionamento e rápida subida de rotação. A potência era apenas mediana, 71,4 cv com álcool. O 1.300 equipava a versão S, mais simples. Junto do Prêmio vinha o primeiro computador de bordo do País, oferecido também no Uno e colocado no lugar do conta-giros como opção. Continua

 

 

Os transformados

 

 

Na década dos carros transformados, a de 80, Uno e Prêmio receberam versões a céu aberto. O Uno Cabriolet da concessionária Sultan era um bonito conversível com arco de proteção e opção de cores atraentes, como o amarelo. A empresa criou também o Prêmio Targa, em que apenas a parte traseira da cabine podia se abrir, para a descontração dos ocupantes dos dois bancos esportivos.

 

 

 

 

 

 

E o crescimento da família não demorou: já em março de 1986 nascia a perua Elba, de linhas muito harmoniosas, para suceder à desajeitada Panorama e seu teto em dois níveis. Com as mesmas opções de motor do Prêmio, tinha coeficiente aerodinâmico menor que o do próprio Uno, 0,34, e era também líder de espaço para bagagem: nada menos que 610 litros até o topo do banco traseiro.

 

 

 

Esqueça a feia Panorama e seu teto em dois níveis: em 1986 vinha a Elba, também um projeto da Fiat brasileira e outro líder em espaço para bagagem

 

 

 

Para facilitar o acesso ao porta-malas, a seção central do pára-choque era integrada à tampa, criticada na época por submeter a peça a esforço adicional nos pequenos impactos em situações como estacionamento. Com a perua vinham as primeiras rodas de alumínio utilizadas pela Fiat. No fim do ano toda a linha ganhava repetidores de luzes de direção nos pára-lamas, item de segurança que já equipara a família Spazio/Oggi/Panorama. E o 147 deixava de ser produzido.

Tempero esportivo Outra novidade da linha Uno para 1987 era bem mais picante: o esportivo 1.5R, sucessor do SX, que trazia novo padrão de desempenho para o modelo. De fora era identificado pelas faixas laterais, rodas de 5,5 x 13 pol (1 pol mais largas que as do CS) com calotas que lembravam discos de telefone, spoiler de teto e o detalhe único da tampa traseira em preto-fosco, qualquer que fosse a cor da carroceria. Por dentro, os cintos de segurança e uma faixa central dos bancos esportivos eram vermelhos.

 

 

 

A tampa traseira preta era marca registrada do esportivo Uno 1.5R, ao lado dos cintos de segurança vermelhos. O carro da foto, de 1989, já trazia rodas de alumínio em vez das calotas que lembravam discos de telefone

 

 

 

 

O motor era o mesmo 1.500 a álcool do Prêmio, mas com comando de válvulas mais bravo, taxa de compressão mais alta e carburador de corpo duplo, que elevavam a potência de 71,4 cv para respeitáveis 86 cv, com torque de 12,9 m.kgf. Com freios dianteiros a disco ventilado e pneus Pirelli P6, de mesma medida (165/70-13) mas com código de velocidade H (para até 210 km/h), dirigir o 1.5R em estradinhas sinuosas era um prazer, desfrutando de notável estabilidade e de um desempenho que rivalizava bem com o Escort XR3 1,6.

Nessa época a Fiat iniciava a exportação do Prêmio e da Elba para a Itália, com o nome Duna (leia abaixo). E os europeus, há muito habituados a uma conveniência que alguns brasileiros ainda rejeitavam, exigiram quatro portas nos dois modelos. No início de 1987, então, a Fiat lançava também no mercado interno essa opção ao sedã, na versão de luxo CSL e com as maçanetas salientes sempre utilizadas no Uno cinco-portas italiano. O formato e espessura das portas traseiras, porém, impedia o uso de controle elétrico dos vidros e impunha a estes uma abertura pela metade.

 

 

 

Fabricados em Betim para exportação para a Itália, Prêmio e Elba com duas portas a mais acabaram chegando ao mercado nacional -- o sedã em 1987, a perua apenas em 1990

 

 

 

O modelo 1988 do CSL ganhava melhorias no motor 1.500 que o aproximavam ao do 1.5R, passando a 82 cv e 12,8 m.kgf, tanto a gasolina quanto a álcool. A família estava variada, mas não completa: faltavam o picape e o furgão, versões ainda representadas pelo City e o Fiorino da linha 147. Em agosto daquele ano chegavam os novos Fiorinos (o nome retornava ao picape), ainda com o conhecido motor 1.300 e a mesma suspensão traseira do Uno, embora reforçada para maior capacidade de carga.

Acabamento e conforto foram os alvos de melhoria na linha Uno 1989. As versões mais luxuosas ganhavam um painel mais tradicional e refinado -- sem os "satélites" e o cinzeiro móvel --, mas um tanto baixo e por isso estranho. Surgia a Elba CSL, com pintura inferior em grafite, revestimento aveludado nos bancos, encostos de cabeça vazados (também aplicados ao Prêmio) e bagageiro no teto. O Uno 1.5R ganhava novo grafismo nas laterais, amortecedores pressurizados e rodas de alumínio, que acabariam apresentando fissuras e sendo objeto de recall anos depois. Continua

 

 

 

Para italiano ver

 

 

Prêmio e Elba foram exportados ao mercado italiano a partir de 1987, com os nomes de Duna e Duna Weekend e motores de 1.116 e 1.301 cm3 a gasolina, além de um diesel de 1.697 cm3. Quatro anos depois apenas a perua continuava em exportação, renomeada Innocenti (outra marca do grupo) Elba, com motores 1,3, 1,5 com injeção e 1,7 diesel. Mais tarde o 1,3 e o 1,5 passavam a 1,4 e 1,6 litro.

O Uno brasileiro também foi para a Itália, onde fez sucesso pela suspensão robusta e a praticidade do estepe junto ao motor. Seguia como Innocenti Mille e com motor de 994 cm3. O nome Duna foi aproveitado no Prêmio do mercado argentino, onde foi o automóvel mais vendido, e até no Brasil em meados dos anos 90, quando o carro vinha do país vizinho e não mais era produzido em Betim.

 

 

 

 

O Prêmio CS recebia o motor 1.500 de 82 cv. Em toda a linha a suspensão tinha geometria revista, para menor desgaste dos pneus; os retrovisores estavam mais amplos, sanando outra deficiência da linha; e os bancos dianteiros ganhavam rebatimento mais leve e prático -- a Fiat havia optado desde o início por assentos que se erguiam e corriam para a frente para dar acesso ao banco traseiro, demandando esforço para a tarefa.

 

 

Na linha 1989, interior aprimorado: melhor acabamento, um painel mais refinado nas versões CSL, bancos mais práticos no Uno CS

 

 

Os pedidos de maior torque para o picape eram atendidos: a partir do motor 1.300 brasileiro era desenvolvido outro 1.500, o E-201, que ficaria conhecido como Fiasa (de Fiat Automóveis S.A.) para se diferenciar do Sevel argentino de mesma cilindrada. Mantendo o diâmetro de cilindros do 1.050 e do 1.300, o novo propulsor adotava um virabrequim de curso longo, gerando torque em regimes bastante baixos: 12,9 m.kgf a 2.750 rpm -- a potência era de 71,4 cv. Mas seu limite de giros chegava cedo e o nível de vibração e aspereza era bem maior que o do Sevel do Prêmio.

O Fiasa 1.500 estreou em uma versão de topo do picape Fiorino, a LX, que trazia acabamento e painel superiores, vidros verdes e faróis de longo alcance no pára-choque; mais tarde seria estendido a todos os utilitários. Equipou também os automóveis da linha, começando no mesmo ano pela série especial Uno CS Export. Outra edição limitada, o Uno CS Top, trazia o motor Sevel 1.500 e acabamento externo similar ao do Prêmio CSL -- receita que voltaria anos mais tarde, no 1.6 mpi.

 

 

 

 

O LX foi o primeiro picape de motor 1.500; um ano depois chegava a Elba de cinco portas

O pioneiro dos 1,0-litro A linha Uno começava a década de 90 com novo ganho em cilindrada: o motor Sevel passava a 1.600, com a potência crescendo para 84 cv, a gasolina, e 88 cv a álcool (torque de 13,7 m.kgf). O esportivo, agora 1.6R, tinha o motor padronizado com o do Prêmio e havia outra boa novidade: a Elba de cinco portas, como a de exportação. Embora fosse produzida em Betim desde 1986, só agora a Fiat considerava viável oferecê-la no mercado interno.

No mesmo ano, em agosto, nascia o pioneiro do segmento 1,0-litro, que hoje representa mais de 70% do mercado: o Uno Mille, com uma versão de 994,4 cm3 do conhecido motor Fiasa. Em apenas 60 dias a Fiat respondia à redução tributária efetuada pelo então presidente Fernando Collor e pela ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello. Modelos de 800 a 1.000 cm3 passavam a receber alíquota de 20% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), metade do praticado até então.

 

 

Um benefício tributário e, em 60 dias, a Fiat apresentava sua resposta: o Uno Mille, que inaugurou o atual segmento de 1,0 litro com seu acabamento despojado e um motor de modestos 48 cv

 

 

O motor já era produzido em Betim para exportação, dizia a Fiat, mas não constava de nenhuma especificação nas publicações estrangeiras: havia apenas a unidade de 999 cm3 Fire. A potência caía de 52 cv (do 1.050) para 48 cv e o torque era de modestos 7,8 m.kgf, mas a rapidez com que subia de giros e a suavidade de funcionamento davam-lhe agilidade. Podia acelerar até 100 km/h em 21 s e atingir 135 km/h.

O Mille era bastante despojado: os bancos tinham revestimento parcial em curvim, faltavam o marcador de temperatura e os difusores de ar laterais no painel. Bancos reclináveis com encostos de cabeça, lavador elétrico do pára-brisa, servofreio, faróis com lâmpadas halógenas, câmbio de cinco marchas, retrovisor externo direito e interno dia/noite eram opcionais. Perdiam-se também os repetidores de luzes de direção nos pára-lamas, que as outras versões deixariam de ter em 1992. Continua

 

 

Nas pistas - I

 

 

Na Itália o Uno participou de ralis e campeonatos monomarca, nos quais pilotos de renome se iniciaram.

No Brasil, com a experiência adquirida com o 147, não foi difícil colocar o Uno para correr. A estréia se deu no Campeonato Brasileiro de Marcas de 1985, ano em que entrava em vigor o novo regulamento limitando os motores a 1,3 litro. Os carros, das quatro grandes nacionais, estariam mais equilibrados e competitivos pois a Fiat não tinha motor 1,6 como as demais.

A ótima estabilidade e boa aerodinâmica do Uno contribuíram para o desempenho nas pistas. As diferenças para o carro de rua passavam pela capacidade do tanque (elevada para 90 litros), amortecedores da marca HG e altura de rodagem -- era visivelmente mais baixo. O motor atingia 118 cv a 5.800 rpm, como no Uno Turbo de fábrica produzido nove anos depois.

Por dentro recebia estrutura de proteção ("santantônio"), o painel original era removido e no lugar era colocada uma espécie de caixa, com um conta-giros bem grande à esquerda e, menores, termômetro e manômetro de óleo, marcador de temperatura da água e vários botões para ligar e desligar dispositivos. Também não tinha forração nas portas nem no teto e só havia o banco, em formato concha, para o piloto.

Ainda não muito acertado, o carro ganhou apenas uma prova em 1985. Os destaques para pilotos ficaram com José Junqueira e Vinicius Pimentel, da equipe Bandeirantes. Walter Travaglini e o ex-corredor de Fórmula 1 Chico Serra não tiveram muita sorte com o carro da equipe Sultan.

Em 1986 ganharam a 7ª. e a 8ª. etapa da Copa Shell de Marcas. O grande baile foi na 500 Quilômetros de Tarumã: fizeram o melhor tempo para a largada, a melhor volta e chegaram bem à frente dos concorrentes. No ano seguinte a era turbo começava no campeonato. A prova inicial, preliminar do GP Brasil de Fórmula 1, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, foi vencida facilmente pela dupla Atila Sipos e Silvio Zambello com o Uno turbo da equipe Milano/Larus. Em segundo, Clemente Faria e Vinicius Pimentel da equipe Bandeirante/Localiza, com o mesmo modelo. Outro Uno chegou em quarto. Nesta prova, 19 carros eram de aspiração natural e cinco turbo. Em 1988 ficou com o segundo lugar, atrás da VW, na Copa Shell de Marcas e Pilotos. Uma das provas que ganhou foi a 7ª. etapa, a Duas Horas de Jacarepaguá, nas mãos de Chico Serra.

por Francis Castaings

 

 

 

 

 

Sua suspensão dianteira trazia um aprimoramento comum a toda a linha 1991: dois tensores que faziam a tarefa de manter a posição das rodas em acelerações, antes um encargo do estabilizador. Até então, ao sair forte com um Uno as rodas assumiram posições indesejadas, prejudicando a transmissão de potência. A concorrência só daria as primeiras respostas ao Mille -- o Chevette Junior e o Gol 1000 com motor AE -- um ano e meio depois.

 

 

 

Difusores de ar laterais, encostos de cabeça, quinta marcha e até servo-freio: quase tudo foi alvo de economia no Mille, mas seu painel era prático com os comandos em "satélites" e cinzeiro corrediço

 

 

 

Mas a versão 1,0-litro ficou sem a outra novidade dos modelos superiores: uma nova frente, com faróis e grade de perfil baixo e uma faixa entre estes e o pára-choque. Ao contrário do modelo 1990 italiano, o nacional conservava o capô antigo e o estepe junto ao motor, sem que o resultado estético fosse comprometido. Os Unos CS e 1.6R passavam a oferecer bagageiro no teto e, neste último, teto solar com deslocamento externo e comando manual.

No ano seguinte surgiam a série limitada Mille Brio, com carburador de corpo duplo e 54 cv, e a Elba Weekend, de motor Fiasa 1.500 e cinco portas. O picape LX, que já havia recebido o motor Sevel 1.600, tornava-se LX HD (heavy duty, serviço pesado), ganhando "santantônio" com faróis de longo alcance e retrovisores maiores. Mas as normas de controle de emissões mais rigorosas, vigentes a partir de 1992, trouxeram a necessidade de catalisador a vários modelos, reduzindo sua potência. Foi o caso do Mille, agora com 47 cv e 7,1 m.kgf.

 

 

 

Em 1991, reestilização frontal e outros detalhes, como as novas rodas da Elba CSL

 

 

 

A Fiat tratou então de compensar a perda com o uso do Fiasa 1.500 no Uno S e CS, de início com carburador e 61 cv, depois com injeção eletrônica monoponto e ignição digitais integradas. Este aprimoramento resultou em potência de 73 cv a álcool e 67,3 cv a gasolina, além de dispensar o catalisador (item caro, inclusive na reposição) e o afogador.

A mesma solução podia ser aplicada ao Mille, mas o custo seria proibitivo. A Fiat saiu-se com uma grande cartada: empregou apenas a ignição digital, que permitia alta taxa de compressão, e carburador de corpo duplo, como no extinto Brio. O resultado foi o Mille Electronic, lançado em novembro de 1992, que superava facilmente os adversários Gol 1000 e Chevette Junior em potência (56,1 cv), torque (8,2 m.kgf), velocidade máxima e aceleração. Era o 1,0-litro mais rápido do mundo à época.

 

 

 

Junto do motor Electronic, de ignição mapeada e surpreendentes 56 cv, chegavam as cinco portas e a opção de ar-condicionado para o Mille: mais conforto

 

 

 

E não parou por aí. O pioneiro dos 1.000 teve também as primazias das cinco portas e do ar-condicionado opcional, este com corte do compressor durante acelerações a fundo para facilitar retomadas e ultrapassagens. As portas a mais já haviam sido oferecidas meses antes no Uno CSL, versão trazida da Argentina sem imposto de importação, com motor Sevel 1.600 de 80 cv, carburador e catalisador. Como outros modelos de mesma procedência, foi criticado pela qualidade de construção e logo desapareceu do mercado.

O Electronic foi escolhido para representar a Fiat no protocolo do carro popular -- aquele do ex-presidente Itamar Franco que ressuscitou o Fusca --, em fevereiro de 1993. Era o mesmo carro, exceto pelas barras da marca menores na grade e um emblema alusivo ao Palácio da Alvorada junto ao nome Mille (não mais Uno Mille). Continua

 

 

 

Nas pistas - II

 

 

O equilíbrio de uma categoria monomarca, a facilidade de pilotagem de um carro de turismo e um custo relativamente baixo: com essa proposta a Fiat lançava, em 1992, a Fórmula Uno -- nome inadequado por não se tratar de monopostos de fórmula, mas escolhido certamente para lembrar a Fórmula 1.

Os carros eram todos Uno 1.6R, ainda com carburador, com uma preparação básica e idêntica para todos os concorrentes, feita pela Greco Competições. Os motores, de 105 cv, eram sorteados a cada prova para compensar as desigualdades de rendimento de uma produção em série. Os pneus Firestone F-560 normais de rua, medida 175/70 R 13, "ralavam" nas curvas com a geometria de suspensão adotada,

de cambagem dianteira negativa (rodas mais afastadas no ponto de contato com o solo) e traseira positiva, propiciando "traseiradas" o para contorno de curvas fechadas.

Equilíbrio era mesmo o ponto alto da F-Uno: em 1992 houve 20 carros dentro do mesmo segundo na formação do grid de largada, de 31 veículos. Ingo Hoffmann faturou o título daquele ano por antecipação.

Na temporada de 1993 era introduzida a injeção multiponto Weber-Marelli, mantendo-se os 105 cv; a suspensão era endurecida e rebaixada; e os pneus passavam a ser Goodyear Eagle GT+4, medida 165/70 R 13. Logo depois subdividia-se em categorias Turbo e Aspirado. Pilotos como Chico Serra, Ingo Hoffmann e Paulo Gomes -- hoje todos na Stock Cars -- pilotaram na categoria, que tinha custo muito baixo: R$ 50 mil/ano na Aspirados e R$ 70 mil/ano na Turbo.

Com a chegada do Palio às pistas, em 1997 a Fórmula Fiat de Turismo passava a ser disputada em três categorias: Palio A, Palio B e Uno, todas apenas com pilotos homens, divididos com base na experiência e patrocínios. Palio A e B corriam juntas, e a Uno em separado. O esquema foi mantido no ano seguinte, com a inclusão de uma categoria feminina especial, correndo de Uno.

Fabrício Samahá, Fulvio Oriola
e Francis Castaings

 

 

A curiosa situação de um motor de topo (1.600) continuar com carburador quando um inferior (1.500) já adotava injeção era corrigida em 1993, com a chegada do Uno 1.6R mpi. A injeção multiponto permitia maior taxa de compressão e eliminava o catalisador, levando-o a 92 cv de potência e 13 m.kgf de torque; havia novas rodas e lanternas fumê. No ano seguinte essa versão recebia um novo painel, mais atual e elegante que o de "satélites" usado até então, e a opção de direção assistida, muito solicitada por suas motoristas.

 

 

Mais uma primazia: o Uno Turbo, primeiro nacional de série com turbocompressor, que extraía 118 cv do pequeno motor 1,4-litro e o levava aos 195 km/h

 

 

A primazia do turbo Em janeiro de 1994 a Chevrolet lançava o Corsa Wind, agitando o segmento de 1,0 litro. Como o sucessor do Uno ainda levaria dois anos para chegar, a marca ítalo-mineira respondeu no mês seguinte com o Mille ELX, versão de luxo de seu carro popular -- por contraditório que possa parecer... Além do ar-condicionado, podia ser equipado com controle elétrico dos vidros e travas, vinha com a frente "baixa" do restante da linha, pneus 165/70, um excelente volante de quatro raios e novo painel similar ao do 1.6R, embora sem conta-giros. Somados às cinco portas, eram convincentes argumentos contra a novidade da GM.

À mesma época era adotado um novo câmbio, denominado Termoli em alusão à cidade italiana onde era fabricado. Suas principais diferenças eram o seletor de marchas na parte superior e a disposição das engrenagens de ré, que eliminava o ruído ao engatar a primeira com o carro em movimento, por muitos confundido com defeito ou mesmo com uma primeira não-sincronizada.

 

 

 

 

Esportividade por fora, por dentro e sob o capô do Uno Turbo. Note a barra de amarração

Para um público bem diferente, a Fiat introduzia outra inovação: o primeiro turbocompressor original de fábrica do Brasil no Uno Turbo i.e. -- ele próprio, que os europeus conheciam há nove anos e que, ironicamente, havia sido lançado no Brasil, como carro-madrinha no GP de Fórmula 1 de 1985... O motor de 1.372 cm3 já utilizado na Itália, da mesma família do 1.600 Sevel, utilizava resfriador de ar (intercooler), radiador de óleo e atingia potência de 118 cv e torque máximo de 17,5 m.kgf, valores similares aos de um motor 2,0 de aspiração natural.

A velocidade máxima era de 195 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h exigia apenas 9,2 s, mas o turbo demorava a "encher", tornando-o um carro de dupla personalidade: fraco em baixas rotações e explosivo em altas, acima de 3.500 rpm. A Fiat inovou também com um curso de pilotagem aos primeiros proprietários -- o que valia como boa estratégia de marketing e, quem sabe, poderia garantir boas estatísticas junto às seguradoras, com reflexos no prêmio do seguro, sempre elevado em esportivos.

 

 

O Prêmio chegou a ser vendido aqui como Duna, nome usado na versão de exportação para a Itália e também no mercado argentino, de onde passou a vir após o encerramento da produção em Betim

 

 

Para segurar a fera, rodas de 14 pol com pneus 185/60 eram montadas em cubos de Tempra, do qual também vinham os freios, com discos ventilados de 257 mm Ø à frente; a suspensão foi redimensionada e havia uma barra de amarração (stress bar) entre as torres dianteiras. O estilo mostrava identidade própria e pára-choques de formato exclusivo, com spoiler incorporado.

Bancos envolventes, volante de três raios exclusivo e painel completo -- incluindo manômetros de óleo e de turbo e termômetro de óleo -- realçavam a esportividade do interior. E o estepe ficava no porta-malas, reduzindo-o bastante.

 

 

Maior entreeixos e suspensão traseira de eixo rígido: mais robustez e espaço de carga

No setor de utilitários, picape e furgão Fiorino ganhavam no mesmo ano maior distância entre eixos e suspensão traseira de eixo rígido, deixando para trás a McPherson do Uno e suas limitações no transporte de carga. Surgiam também a opção do motor 1,0-litro de 56 cv para eles, sem grande sucesso, e em 1995 o picape Trekking, com suspensão e pneus mais altos. Continua

 

 

O motor 1.600 a injeção era logo estendido à Elba, em versão Top com cinco portas e pára-choques e laterais inferiores em cinza. O Prêmio de duas portas também já pertencia ao passado. Com o Turbo i.e. cumprindo o papel de esportivo, o 1.6R mpi tornava-se desnecessário na família: seu motor foi aproveitado no Uno 1.6 mpi, lançado em 1995, com três e cinco portas e acabamento requintado, incluindo belas rodas de alumínio. Em seguida o Mille Electronic igualava-se aos irmãos mais ricos no aspecto frontal.

 

 

 

A injeção só foi aplicada ao Mille em 1995, com as versões i.e. e EP. A potência passava a 58 cv

 

 

 

A injeção chegava às versões de 1,0 litro apenas em julho de 1995, quando o Mille ELX era renomeado EP e o Electronic passava a i.e. A potência chegava a 58 cv, a maior do segmento, mantendo o torque de 8,2 m.kgf. O Prêmio passava a vir da Argentina, onde se chamava Duna -- como na Itália -- e fazia grande sucesso. No final do ano a Fiat revelava imagens do Palio, fruto do projeto 178, que chegaria em abril seguinte com a missão de aposentar o Uno.

A caminho do fim? As versões de 1,5 e 1,6 litro do Uno (exceto o furgão 1,5, que existe até hoje) desapareciam assim que o Palio era lançado, mas os Milles ficavam como opção mais acessível -- por um breve período de convívio, estimava-se. A linha 1997 era concentrada na versão SX, de acabamento intermediário entre as anteriores, que incluiu a série limitada Young, com painel de fundo claro e adesivos decorativos. O motor agora usava catalisador e atingia 57 cv. O picape e o furgão passavam a vir com o 1.500 do Palio, com injeção multiponto e 76 cv. Meses depois a Elba chegava ao fim, substituída pela Palio Weekend.

 

 

 

Até o picape Trekking já se aposentou, dando lugar ao Strada. Apenas os furgões Uno e Fiorino e o Mille Fire permanecem no mercado, sem previsão de encerrar a carreira

 

 

 

Qualquer um esperaria que o carrinho lançado em 1984, cujo estilo pouco havia mudado desde então, sucumbiria à evolução dos concorrentes e à aceitação de seu virtual sucessor. Mas o Uno deu seguidas provas de valentia e continuou no mercado. A versão SX tornava-se EX na linha 1998 -- ano em que o picape seria substituído pelo Strada -- e, em março de 2000, esta cedia lugar à Smart, que trazia nova grade e volante de quatro raios. A última evolução foi a adoção do motor Fire de 55 cv, em julho último, pondo fim ao veterano Fiasa 1.000. No Brasil já foram vendidos 1.713.061 Unos, sendo 1.347.008 com motor 1,0-litro.

Quando chegará o fim do Uno? Impossível afirmar. Assim como tantos carros pequenos, práticos e econômicos que a história imortalizou, a "botinha ortopédica" desenhada por Giugiaro tornou-se imbatível em preço e conquistou uma legião de admiradores por sua robustez, praticidade e baixo custo de manutenção -- não por acaso, as mesmas virtudes que fizeram a Volkswagen vender, só no Brasil, 3,3 milhões de Fuscas.

 

 

 

Ficha técnica dos esportivos

 

 

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Uno 1.5R
(1987)

Uno 1.6R mpi
(1993)

Uno Turbo i.e.
(1994)

 

 

MOTOR

 

 

Posição e cilindros

transversal,
4 em linha

transversal,
4 em linha

transversal,
4 em linha

Comando e válv. por cilindro

no cabeçote, 2

no cabeçote, 2

no cabeçote, 2

Diâmetro e curso

86,4 x 63,9 mm

86,4 x 67,4 mm

80,5 x 67,4 mm

Cilindrada

1.498,5 cm3

1.580,7 cm3

1.372,1 cm3

Taxa de compressão

12:1 (álcool)

9,5:1 (gasolina)

7,8:1 (gasolina)

Potência máxima

86 cv a
6.000 rpm

92 cv a
5.750 rpm

118 cv a
5.750 rpm

Torque máximo

12,9 m.kgf a
3.500 rpm

13 m.kgf a
3.500 rpm

17,5 m.kgf a
3.500 rpm

Alimentação

Carburador de corpo duplo

Injeção multiponto

Injeção multiponto, turbocompr.

 

 

CÂMBIO

 

 

Marchas e tração

5, dianteira

 

 

FREIOS

 

 

Dianteiros e traseiros

a disco ventilado / a tambor

 

 

DIREÇÃO

 

 

Assistência

não

hidráulica

 

 

RODAS

 

 

Pneus

165/70 R 13 H

165/70 R 13 H

185/60 R 14 H

 

 

DIMENSÕES

 

 

Comprimento

3,644 m

3,644 m

3,654 m

Entreeixos

2,361 m

2,361 m

2,361 m

Peso

870 kg

895 kg

975 kg

 

 

DESEMPENHO

 

 

Velocidade máxima

170 km/h

180 km/h

195 km/h

Aceleração de 0 a 100 km/h

12 s

11,8 s

9,2 s